03 novembro 2010

Para falar das flores...

Tem homem que não gosta de dar flores. Acha antiquado ou romântico demais. Há até quem diga que é jogar dinheiro fora, já que flores murcham em poucos dias. Não sou dessa opinião: adoro dar flores. Pode até ser que em pouco tempo estarão mortas, mas sei que a beleza do momento em que foram entregues pode permanecer por toda uma vida. A surpresa desencadeando rubor na face, sorriso fácil, olhos faiscantes e a sensação de que todo mundo quer dar uma espiada em nossa felicidade...

Ás vezes pode ser uma flor solitária. Ideal para receber alguém em pontos de ônibus ou para encontros rápidos e ocasionais no meio de muitos anônimos. Aquela única flor na mão faz com que quem a recebe destaque-se na multidão. Não é mais uma caminhante, ou uma passageira qualquer. A mulher que carrega uma flor na rua carrega consigo uma prova de que é alguém que desperta interesse e afeição.

Outras ocasiões requerem bouquets, ramalhetes ou arranjos maiores... Estes foram feitos para presentear em lugares públicos freqüentados por pessoas conhecidas: escolas, trabalho, academias... Toda mulher – até as que negam isso - quer ter o prazer de exibir seu arranjo sob a vigilância invejosa daquelas que diariamente criticam seu cabelo, seu peso e outros detalhes. É sua vingança: flores recebidas nesses ambientes são como um outdoor dizendo que aquela mulher é desejada, admirada, bem amada e cuidada – ao contrário de todas as outras. E as cores também têm um significado: rosas amarelas ou alaranjadas são para amigas, as lilases e outras variações de “Pink” para conquistas românticas, as vermelhas demonstram paixão e desejo ardente, e as brancas podem ser usadas para fazer as pazes depois de uma briga ou para pedir em casamento... Existe ainda uma miríade de outras nuances que servem para situações específicas: rosas azuis, ou com bordas de outra cor diferenciada, ou com tamanho e formato raros. Essas flores são um ótimo recurso para presentear uma mulher única pois carregam em sua natureza um estigma natural de singularidade.

Flores plantadas em vasos são preferíveis quando se tem a intenção de um relacionamento duradouro. Vale pensar que exigirão cuidado após serem dados: regar, arrancar folhas mortas, aplicar fertilizantes e veneno de insetos. Enquanto a mulher cuida da planta relembrará do dia em que a ganhou com uma riqueza de detalhes muitas vezes mais vívida do que a masculina, permeada de cheiros, sensações e texturas. Mas só presenteie com vasos alguém que queira manter por perto muito tempo. Poucas coisas são mais tristes do que cuidar de flores de relacionamentos que já acabaram...

Desconfio que quando Deus fez a mulher no Éden, deve tê-la moldado sobre alguma colina bem florida: cheia de rosas, crisântemos, amores-perfeitos, dálias, azaléias e outras ainda mais lindas, aí o perfume de todas essas flores impregnou aquela costela de Adão em transformação e passou a ser parte inseparável de sua própria natureza. Quando uma mulher é presenteada com flores, essa parte misteriosa de sua criação se agita nas profundezas de seu ser e é por isso que reagem geralmente com emoções fortes: riem demais, não sabem o que dizer e outras até choram. Receber flores para a mulher é um reencontro com aquele momento primordial em que a antiga Eva trocou o primeiro olhar com Adão e soube que era única no universo, feita somente para ele e Adão, com cara de bobo, reconheceu que aquela mulher de alma perfumada só podia ser mesmo um presente do Altíssimo...

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