As crônicas do Caderno Azul, inicialmente, eram crônicas difíceis. Eram escritos de solidão e dúvida, de incertezas veladas, esperanças cinzas ou desbotadas, de lutas internas. Salvava-se uma ou outra, embriagada em algum contentamento, destoando das demais. Acho que desde que me entendo por gente eu tinha o hábito de ser 8 ou 80. Quer feliz, quer triste, que fosse delirantemente. Delírio nunca foi sinônimo de saúde, nem de realidade. Pelo contrário, os delirantes costumam ter opiniões e perspectivas doentias e irreais sobre as coisas. Nestes últimos meses comecei a aprender o equilíbrio. A jornada é longa, mas até aqui tem sido gratificante. Ebenézer! Estive muito bem acompanhado e assistido pelo Claudinho, pelo Joe, pela eterna catarina... Acabei me tornando um cara muito mais "zen", mais satisfeito com o que eu tenho e o que eu sou. Perseguir os sonhos que a gente tem na cabeça e no coração faz isso com a gente! Ainda mais quando as coisas começam a fazer sentido. Dizem que quem não sabe para onde vai, não chega a lugar algum. Eu já sei para onde vou, embora o caminho ainda pareça encoberto. Às vezes ainda tenho meus momentos de me sentir perdido, de por as mãos na cabeça e não saber o que fazer. Todo mundo passa por isso. Tenho também, outras vezes, risos e sorrisos espontâneos me brotando nos lábios no meio do dia. Não deixei de viver intensamente, mas acho que estou reaprendendo a conciliar intensidade e lucidez. Sandices acabam não levando a gente a lugar algum (ou podem até nos levar para lugares horríveis). Tenho descoberto que a verdadeira felicidade é assim: deitar a cabeça no travesseiro e saber que existe um Deus de Sabedoria Soberana que sabe o que é melhor para mim e que conduz tudo para o meu bem conforme Seu Amor. Devo me esforçar para tentar descobrir a Vontade Dele para mim e me sujeitar a ela. Parar de gastar tempo demais lamentando pelo que não podia ser mudado, pelo que não podia ser desfeito, pelo que não foi... Hoje tento me contentar com a esperança de um dia entender o porquê por trás de tudo o que passo, nem que esse entendimento venha somente na eternidade. Estou aprendendo que, como diz a música da Ana Carolina, "meu caminho é cada manhã" e , nas palavras de Jesus "basta a cada dia o seu mal". Minha parte do trabalho é espalhar as sementes. Qual será pisada pelos homens, ou comida por animais,ou sufocada pelos espinhos ou qual dará muitos frutos... foge ao meu controle. Só vou saber depois. A semeadura é minha. A colheita também. O crescimento mágico da semente e como ela se transforma em árvores frondosas (ou não), não depende do que eu faço ou deixo de fazer...
É assim que as novas crônicas do Caderno Azul estão. Os textos continuam bem confissionais, bem alma no papel. A novidade é que escrever não tem me deixado triste ou abatido, pelo contrário, tenho me sentido mais leve, mais em paz, mais tranquilo. Estou caminhando altaneiramente estes dias. Vez ou outra tenho de atravessar um vale aqui e acolá. Alguns aprendizados só podem ser adquiridos nos vales, mesmo que seja só o de erguer os olhos para os lugares altos e saber de onde vem a ajuda, como disse um salmista uma vez. O que vivi nos últimos meses me mudou por dentro, reencantou o universo, abriu meus olhos e coração para coisas que eu desconhecia. É gostoso ver o mundo desta maneira. Curitiba tem se revelado sob um novo prisma, o que tem sido muito agradável.
Ganhei um Caderno Azul há certo tempo atrás com o voto de que ele fosse preenchido com páginas de coisas boas. Acho que o voto foi uma oração. Melhor ainda, uma oração respondida. Mesmo quando algo não sai como eu gostaria, estou com uma sensação boa no peito de que estou fazendo a coisa certa que não trocaria por nada. Finalmente descobri o que significa as expressões paulinas "paz que excede a todo entendimento" e "paz como árbitro no coração".
Acho que na proxima semana o segundo volume do Caderno Azul vai terminar. Tem partes que quero compartilhar com a catarina e com o Joe, depois ele segue para Bh, para cumprir seu destino de Caderno Azul. Acho que será bom um dia relê-lo e lembrar desde tempo aqui no sul, na terra do nevoeiro e do frio...
A vida está uma delícia. Não tenho tudo o que quero ou sonho, mas tenho recebido a medida certa do que preciso e isso tem sido suficiente...
29 agosto 2009
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Um comentário:
Mazaaa!!!
bom ler q as cousas estao bem, q apesar das dificuldades da vida a paz de Deus esta presente, obs: esse pc nao tem acentos...haha
abraco
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