
Que decepção ao conversar com algumas pessoas aqui e descobrir que pouca gente por essas bandas conhece o nosso saudoso "Clube da Esquina". Flávio Venturini, Lô Borges e Milton Nascimento são figuras quase desconhecidas ou lembradas com muita dificuldade. Entretanto, eu não os culpo. Não é uma conspiração contra a boa música mineira, é uma crise da musicalidade brasileira mesmo. A maioria da mídia prefere apontar seus holofotes para as bandinhas de rock paulista, os funks cariocas ou os pagodes cornísticos e melodramáticos que abundam por aí. Não é mais preciso ter harmonia, bons arranjos ou uma letra bacana para fazer sucesso. Basta uma frase nojenta fácil de grudar no pensamento, talvez uns palavrões e uns três ou quatro acordes. Receita infalível do sucesso. Primeiro lugar nas paradas. Lembro do Pop Rock Brasil 2008, em BH. Mineirão lotado para o show do Biquini Cavadão, banda sobrevivente do bom rock anos 80. O vocalista Bruno Gouveia (tinha de ser um mineiro, aê!)falou ao microfone mais ou menos assim: "Estamos aqui para lembrar do tempo em que se fazia música com a cabeça e o coração, porque música se faz com sentimento e com inteligência. Música nâo se faz com a bunda não!" O Mineirão foi ao delírio como se comemorasse um gol! O Bruno falou tudo. Tem muita gente fazendo música pelas/com/para/ as nádegas e pouca gente fazendo um trabalho bacana. Naquele dia passei a gostar mais ainda de Biquini Cavadão...
Parece que não fazem mais músicas de qualidade. Claro que há exceções aqui e ali. Mas enquanto aparece uma Vanessa da Mata, uma Ceumar ou um Seu Jorge, multiplicam as bandinhas de pagode que estragam o bom samba. Não se ouve mais o samba de Noel Rosa, Cartola, Adoniran Barbosa ou do Chico. O que chamam de samba hoje é quase sempre sinônimo de mal gosto. Confunde rima com verbos de mesma conjugação. Não é instrumento de protesto, não critica nada. Só fornece a trilha sonora para cornos e corneadores de gosto duvidoso. Nossa bossa nova ficou velha e caducou. A Nova geração tem ouvidos virgens que desconhecem Vinícius, Tom Jobim e João Gilberto. "Garota de Ipanema" e "Uma Tarde em Itapoã" viraram música de elevador. Pouca gente conhece um Yamandú Costa, um Toquinho, mas os refrões de funks indecentes e vulgares podem ser ouvidos em qualquer esquina, até na boca de crianças...
A música brasileira não se espanta mais com a experimentação de um novo Lulu Santos, que já foi até taxado de brega por não ter medo de tentar coisas novas ou dar sua voz a versões de músicas que ninguém queria. Não se mobiliza em torno de um rock de boas letras como o do Legião Urbana, Cazuza e Barão. Desconhece a maior parte das boas músicas do Nenhum de Nós e do Engenheiros do Havaí, mas lota estádios e casas de show para aplaudir Fresno e outras variações de música "emo". Aliás o aparecimento dos emos é justificável: vendo a situação da musicalidade no país hoje dá vontade de chorar mesmo...
Infelizmente, no Brasil, música boa só ganha uma divulgação decente se for faixa de alguma novela global. Aí também chega até a enjoar... Quem não se lembra quando "Sozinho", do Peninha, tocava insistentemente em todas as esquinas e botecos "copo-sujo" na voz do Caetano só porque era tema de algum casal da novela das 8? Acho que essa geração só conhece Djavan por conta de novelas, ou já teria sido esquecido também...
Fica aqui o meu protesto sobre esses sons estranhos que tocam nas rádios e o povo aclama como música... Meu ouvido não é penico, se o seu é, por favor use fones de ouvido ou escute suas faixas no quarto, bem baixinho... Saneamento musical básico para evitar proliferação de mal gosto...
2 comentários:
E eu que achava que biquini cavadão era mesmo pra mostrar as nádegas... Hahahahaha. Aqui em Kripton a gente interpreta tudo... hehehehe. Beijo
Nossa luuuuuuuuuuuu..........
falatório mesmo!
Cê tá bravo de mais!
Tá certo, nem todo ouvido é pinico.
Quase fiquei com preguiça de ler.
bejo.
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