Qualquer pessoa que tenha estudado teoria da literatura e usado o paradigma dos mitos gregos vai saber o que é o "hybris" de um personagem. Como as artes literárias não são de domínio público, vou explicar o que o termo quer dizer. "Hybris" é aquele destino trágico imutável. Por exemplo, no mito de Édipo houve um oráculo que dizia que a criança assassinaria o próprio pai e se casaria com sua mãe. O rei - pai de Édipo - abandonou a criança à morte pensando assim estar livrando sua família de tal desgraça, mas isso só fez dar andamento à roda do destino. Os exemplos da Hybris mitológica são muitos: a tentativa da mãe de Aquiles de tornar o filho imortal foi inútil e resultou no calcanhar da desgraça. Zeus afastou-se de sua filha Helena para que não provocasse uma guerra no Olimpo e a guerra de Tróia aconteceu ainda assim, com os deuses tomando partido e postando-se como rivais. Todo mito grego tem uma "Hybris" por trás.
Já cheguei a pensar que a vida fosse um pouco assim também. Que talvez existisse pessoas destinadas a acabarem mal no final apesar de lutarem com todas as forças para melhorar o destino. Pessoas com "dedos podres" - como diria minha irmã - destinadas a nunca escolherem coisas que prestem. Com suas boas escolhas aparentes revelando-se não tão boas com o passar do tempo e gerando infelicidade, ou pior. A Bíblia adverte que há caminhos que aos homens parecem bons, mas no fim são caminhos de morte. Sempre que lia esse texto, antes de estudar Hebraico, imaginava um caminho mesmo: uma estradinha aconchegante e convidativa que levava inadvertidamente a algum lugar terrível e escuro. O estudo do hebraico me fez ter mais contato com a mentalidade judaica e abriu um pouco meus olhos. Caminho, para o judeu, é mais do que uma estrada. Não deve ser entendido literalmente. É uma metáfora de comportamento! Quando a Toráh diz que "A vereda dos justos é como a luz da manhã que vai brilhando até ser dia perfeito", o judeu entende que o comportamento de uma pessoa justa é assim... uma evolução constante e gradativa até gerar um caráter brilhante. As escolhas nos moldam e muda nosso destino. Esse pensamento vai contra a Hybris dos gregos. Nosso destino não está nos oráculos, mas nas escolhas que fazemos. Se fôssemos guiados por algo que já estivesse escrito, onde estaria nosso livre-arbítrio? Nossa vida seria somente uma história que alguém estivesse lendo...
Não sei o fim de todos os caminhos, mas oro para que Deus me dê sabedoria para fazer as melhores escolhas. Algumas serão doloridas no início, mas valerão a pena. Posso não saber muita coisa, mas conheço o caráter Daquele que me instrui.
12 março 2009
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