21 fevereiro 2009

Para eu viver um grande amor...



Considerações e alguns comentários sobre o texto "Para Viver um grande amor" de Vinícius de Morais

O Vinícius disse muitas coisas úteis para se viver um grande amor. Sigo à risca a maioria de suas prescrições, exceto por umas ressalvas. A parte do uísque , por exemplo. Um incidente de alguns anos atrás envolvendo uma garrafa de Balantines me fez abandonar de vez o mundo dos maltes. A Kriptoniana lembra e não me deixa esquecer. Nada a reclamar disso, entretanto. Abracei o mundo dos taninos, do carvalho, dos aromas primários e secundários dos vinhos. Acho os vinhos muito mais propícios a alimentar os amores do que os uísques. Uma enóloga americana até chegou a definir o vinho feito a partir de certa uva (a Pinot Noir) como "sexo numa taça". Nunca soube de ninguém que relacionou o uísque com a intimidade entre um casal...mas as citações por ressaca são abundantes.

A parte do judô como dica para viver um grande amor era estranha para mim, mas descobri recentemente que o fundador do Judô se inspirou em três principios básicos para criar a arte marcial. Esta descoberta me fez pensar um monte de coisas.Os princípios são os seguintes: Há o Seiryoku Zen’Yo ou Princípio da Máxima Eficiência com o mínimo de esforço. Traduzindo: Deixa rolar! Não complique as coisas!Sugue ao máximo a essência de cada movimento. Permita-se levar pelo relacionamento, naturalmente. Sem forçar a barra e nem se segurar. O segundo princípio é o Jita Kyoei ou Princípio da Prosperidade e Benefícios Mútuos. Sabe aquela velha história de que tem de ser bom para os dois? Pois é... Nada de egoísmos. Tem hora que tem de abrir mão mesmo. De parar de pensar no "eu" para construir o "nós" e namorar pra ser feliz. Nada de ficar assumindo papel de fiscal ou vigilante do outro. Isso não funciona! pode até durar um bom tempo, mas a chance de virar um grande amor é muito remota. Amar é deixar a porta aberta. Finalmente, o terceiro e último grande princípio é o Ju ou Princípio da Suavidade, ou seja, o melhor uso de energia. Aqui cabe uma consideração sobre aquelas pessoas que adoram "caçar chifre em cabeça de cavalo". Ciúmes demais, joguinhos e essas picuinhas que muita gente tem gastam uma energia danada e não produzem nada. Vale pena ser sincero. Por as cartas na mesa. Conversar. Definir coisas para ser mais feliz. Para os que gostam também de pensar fisicamente em gastar energia, vale o toque apaixonado aqui. Desde um beijo na testa até aquele enlace maravilhoso de corpos e almas, quando (segundo a Bíblia)os dois se tornam uma só carne. É o velho slogan hippie: "Faça amor, não faça guerra". A gente já tem de viver lutando por tanta coisa. Na hora do amor, que tal optarmos pela paz? Nada de conturbações! Por mais que a nossa afetividade possa ter uns delírios mais violentos de paixão, que até essa agressividade revele preocupação e sensibilidade pelo outro. Vamos praticar a tranquilidade de uma carícia. Aquele silêncio que diz tudo...

Finalmente, para viver um grande amor é preciso resolver as pendências do passado. Resolver é não se deixar ser assombrado pelos velhos erros, pelas coisas que não saíram como deveriam, pelas decepções. A gente entra no Amor de peito aberto na adolescência, mas na vida adulta carrega um monte de armas pra se proteger. Estou escrevendo isso pensando em mim mesmo. Fiz uma limpeza no porão da minha alma. Tirei de lá os velhos esqueletos, as tralhas do passado e o sobrou um espaço do tamanho do mundo no meu coração. Diz o ditado que "ex bom é ex morto", mas até o morto causa problemas se ainda ocupar algum espaço dentro da gente. Coisa morta fede! E o amor precisa de um ambiente arejado para florescer. É preciso se arriscar. apaixonar como se fosse a primeira vez, a despeito dos abandonos e feridas já experimentadas. Entregar-se como se fosse morrer amanhã. Preferir arrepender-se de atos consumados e não de intenções não realizadas. Para viver um grande amor é preciso coragem. Coragem não quer dizer ausência de medo, mas é estabelecer um objetivo e avançar APESAR DO MEDO.

Eu estou assim. De alma limpa, porta do coração aberta, peito à mostra. Será que chegou minha hora de viver um grande amor? Vou arriscar...

Um comentário:

Anônimo disse...

Do Ballantines não me esquecerei jamais! Mas acho que está certo. Muito certo. Boa sorte e conte com a minha torcida (só vai ter que me contar tudo depois). Um super beijo...