Graças a Deus passou o 03 de Outubro! Sobrevivemos a mais uma etapa de campanha eleitoral! Em breve voltaremos a receber malas-diretas de pizzarias,cartões de crédito e outras inutilidades em vez dos "santinhos" em verde, amarelo e vermelho com seus sorrisos cínicos e promessas extravagantes. O desaparecimento desses folhetos malditos há de fazer nossas ruas ficarem mais limpas, os canteiros terão mais espaço para as flores e menos desse esterco de celulose. Nossa memória será exercitada para guardar números realmente importantes, como datas de aniversário de namoro, telefones de pessoas queridas ou o manequim daquela bela vizinha.
É o fim também dos carros com alto-falantes berrando vinhetas ridículas naqueles dias em que havíamos planejado dormir até mais tarde. Interromperemos a soneca preguiçosa somente para correr atrás do "abacaxi de massa amarela pingo de mel", ou da "laranja serra d'água docinha-docinha", muito mais agradável do que acordar aos saltos por um funk da vez plagiado com o número de um candidato infeliz. Esses carros de campanha às vezes parecem até carros alegóricos, exceto que não têm a alegria nem a graça do carnaval, embora políticos e carnavalescos possam compartilhar certos traços que prefiro não comentar aqui...
O contato físico também sai ganhando com o término das eleições. Abraços e cumprimentos tendem a ser mais sinceros quando as urnas já estiverem todas contadas e voltam a ser sinônimo de carinho ou afeto. Deixam de ser pretexto para que o verdureiro, o dono da farmácia ou aquele membro da mesma igreja ou time de futebol pedir nosso voto. O pior é que em alguns a gente não vota justamente por conhecê-los bem e eles ainda têm a cara de pau de pedir. Enroscam longos braços em volta de nosso pescoço, forçam uma intimidade que não existe, com sorriso ensaiado na cara e uma mão colocando panfletos ou marcadores nos nossos bolsos enquanto sussuram: "Conto com você, sicrano! É nós!" (Detalhe: Este "É nós", geralmente só dura até o fim da campanha, seja bem sucedida ou não).
Não vejo a hora de assistir meus programas favoritos no horário certo. Essas coisas que atrapalham nossa normalidade nós sabemos que são catástrofes. Horário eleitoral é como aqueles "plantões" com notícias urgentes ou chocantes da última hora, só que com comédia de mal gosto e fantasia em vez de informação, trama e tensão. É estranho ver todas aquelas figuras alienigenas se esforçando para conseguir com que nos identifiquemos com elas. Sao tipos variados. Há os que posam de solução imediata e atacam todo o resto, os que rezam o terço eleitoral de outros e os que não dizem nada, só ficam paradas meio cambaleantes, olhar oscilando entre a câmera e qualquer outro objeto ou pessoa oculto nas laterais enquanto uma voz de anunciante de oferta de supermercado dita o número, nome e um slogan. Parece mesmo uma festa da democracia onde todos estão representados: idiotas, revolucionários, aristocratas, prostitutas, empresários e, ocasionalmente, até gente de bem.
O Orkut voltará a ser uma forma despretenciosa de ócio e análise da vida alheia. Voltaremos a receber scraps de emagrecimento milagroso, videos do BBB com vírus disfarçado e correntes para passar pra 15 pessoas em 15 minutos ou amargar a desgraça eterna. Por ora não receberemos pedidos de amigos e conhecidos para que votemos em algum safado que irá favorecê-los de alguma forma e por isso eles insistem em afirmar a integridade e honestidade do candidado. Piadas voltarão a ocupar o espaço que vinha sendo poluído por relatorios de CPI e links da Veja sobre corrupção e, se alguma gata desconhecida pedir para ser adicionada, corremos o risco de ser enganados uma única vez e depois deixá-la desaparecer, seja com nosso dinheiro ou coração... Não teremos de esperar mais quatro anos para ficarmos livres da pilantra...
É o fim! Vamos comemorar meus amigos! Pelo menos até começar a disputa pelo segundo turno...
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Bom.. aqui está meu desabafo. Não que eu seja contra a política, mas que essa época me estressa é uma verdade.
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