12 janeiro 2010

Dos Reveillons Passados e dos Vindouros.



Nunca passei um reveillon na praia. Só me dei conta disso hoje! 30 viradas de ano e nada do mar! Já passei em igrejas, clubes, sítios. Já passei sozinho em casa e acompanhado onde ninguém sabia. Já até passei assistindo a queima de fogos na orla da Pampulha. Aliás, lá fui testemunha há algum tempo atrás de algo que até hoje me encanta: num reveillon passado, à meia noite, enquanto todos se abraçavam, estouravam proseccos ou sidras (de acordo com as possibilidades financeiras), gritavam e uns entregavam oferendas a Iemanjá, Claudinho se ajoelhou, ergueu as mãos e consagrou seu ano novo a Deus. A garrafa de espumante ao lado. Olhos fechados. Sozinho. Lembrar deste episódio me dá sempre um sentimento dúbio. Metade orgulho e metade vergonha. Orgulho da fé e intimidade de meu amigo e antigo "padawan" - como diria minha irmã. O cristianismo professado dentro dos templos é algo banal e corriqueiro. Qualquer um pratica. O que vi ali foi talvez a melhor definição de "Liturgia" que já encontrei na vida. Para os que não sabem, a palavra "Liturgia" significa, literalmente, "Adoração pública". Foi algo genuíno. A vergonha foi minha, por não estar naquela mesma sintonia... De qualquer forma, adorei ver o reflexo dos fogos nas águas da Pampulha. A multidão de estranhos se abraçando e felicitando com uma solidariedade ímpar. Imagino que deve ser assim também à beira mar. O mesmo clima, mas com o "plus" da maresia, a areia sob os pés, o som e a espuma das ondas. Tenho de experimentar isso um dia. Quem sabe eu até pule 7 ondas de mãos dadas com alguém? Não por superstição, mas por divertimento mesmo. Sem nenhuma obrigação ou intenção de que minha sorte seja misticamente alterada. É preciso aprender a resgatar o lado lúdico das coisas. Ser mais criança. Menos religioso. Parar de "demonizar" todas as coisas e entrar na brincadeira com um coração puro.

Ainda vou passar uma virada de ano na praia. Quem sabe 2011?

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