19 maio 2009

Evangélicos ou Protestantes?



Por Uma Nova Reforma da Igreja

Ser evangélico hoje é uma coisa totalmente banalizada. Virou apenas mais uma das tribos da grande aldeia global. Da mesma forma como existem os "emos", os gays,os skin-heads e alguns fanáticos de futebol, existem também os evangélicos que, - representados por pelo menos um de suas diversas ramificações - já aparecem em todos os setores da sociedade. Infelizmente, essa representação nem sempre é positiva. Basta lembrar do caso do sequestro da filha do Silvio Santos, em que tanto o sequestrador quanto a vítima eram evangélicos. Ou lembrar de escândalos de políticos e estravagâncias de artistas membros de alguma igreja do ramo. Ou ainda, pode se dizer de alguns traficantes nos morros cariocas que abraçam o título de evangélico abertamente ou agem como simpatizantes, financiando eventos religiosos nas favelas e até providenciando "proteção", onde é fácil encontrar meliantes com adesivos "Deus é Fiel" em suas metralhadoras. São sinais de alerta. É hora de abrirmos os olhos para o que estamos nos tornando.

A Reforma nos rendeu o título de "Protestantes" porque pusemos a boca no trombone para denunciar os abusos e equívocos da Igreja Católica, que até então detinha o monopólio do Cristianismo. Mas temos de nos perguntar: ainda somos protestantes? Em quê? Muitos pontos fundamentais em que discordávamos da Antiga Igreja Católica são agora aceitos e praticados abertamente dentro de muitos templos que se dizem evangélicos e protestantes. Não é exagero. Enumeremos alguns: Não vendemos moradas no céu, nem perdão de pecados, como o Catolicismo Medieval, mas nossos shows da fé oferecem cura, prosperidade e sucesso em qualquer área da vida em troca de alguma oferta em dinheiro. Temos nossas próprias relíquias sagradas: não mais pregos ou lascas da cruz de Cristo ou ossos de algum apóstolo, mas punhados de areia da Terra Santa de Jerusalém, frascos contendo águas do Jordão ou qualquer outro objeto que puder ser "ungido" e santificado para "abençoar" um lugar ou a pessoa que tiver contato com ele. Na época em que Lutero propôs a Reforma da Igreja, muitos pagavam para que um familiar ou alguém de confiança peregrinasse até um lugar santo e fizesse uma indulgência em seu favor, da mesma forma que muitos pagam hoje para pastores levarem seus pedidos de oração para o Monte das Oliveiras e os queimar ali. Não cultuamos imagens, nem acreditamos num líder humano mundial infalível da igreja, mas transformamos diversos pastores em pequenos deuses, seguindo cegamente o que dizem, sem conferir na Bíblia se é mesmo verdade e idolatrando sua figura como se desfrutassem de algum privilégio especial diante de Deus. Não temos um papa centralizado, mas cada denominação ou igreja pende servilmente para o lado de um dos que clamam ( ou recebem) títulos de honra como apóstolos, bispos ou doutores em alguma "teologia". A pergunta persiste: ainda somos protestantes?

Ouvi outro dia alguém dizer que não. Que protestantes eram somente as igrejas que vieram da Reforma e somente naquela época. As igrejas reformadas modernas e todas as variações algo-pentecostais são simplesmente evangélicas e pronto! Quanta besteira junta! Se ao menos pudéssemos nos orgulhar de frequentar igrejas realmente bíblicas, preocupadas em viver um evangelho genuíno e significativo. Igrejas atuantes, missionárias, cheias do Espírito e bem fundamentadas na sã doutrina. Hoje faz-se doutrina sem necessidade de nenhum exame a fundo da Bíblia, somente por prazer de se sentir mais santo por deixar de fazer alguma coisa ou praticar um ritualzinho a mais. Há uma crise bíblica no meio evangélico. Pastores se aprofundam em técnicas de oratória e improvisação e produzem sermões interativos e vibrantes, mas sem nenhum fundamento bíblico e sem o sopro do Espírito. Outros dissecam a Bíblia como se fosse apenas um Código de Leis e máximas filosóficas. Há até os que se deixam levar pela tentação de ter a casa cheia e abrem mão do chamado para se transformarem em animadores de auditório e perdendo o foco espiritual do ministério. Penso muito no que li num livro do Eugene Peterson: "Arão deve ter se sentido realizado como sacerdote quando viu a multidão animada dançando em volta do bezerro de ouro!" Ah, será o que Jesus diria de nossas igrejas se as cartas do Apocalipse de João fossem reescritas hoje? Quantas igrejas estariam frias no Amor como Éfeso; ou ensinando o povo de Deus a errar, como Pérgamo? Haveria alguma aflita e julgando-se pobre, como Esmirna? Quantas jezabels estariam sendo toleradas em nossas Tiatiras? Quantas igrejas conhecidas e bem sucedidas,famosas, atuantes, estariam mortas como Sardes? Quantas Laudicéias estariam encantadas com seu próprio luxo e riqueza? Será que haveria ao menos uma como Filadélfia, da qual o Senhor não tivesse nada contra ou para reclamar?

Não sou evangélico! Sou protestante! Minha voz pode estar abafada no meio do burburinho circense que as pessoas costumam chamar de igreja, mas eu ainda acredito nos pilares da Reforma: Sola Scriptura, Solo Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria. Somente a Bíblia serve para padrão de vida e prática dos cristãos! Jesus Cristo é o único e suficiente Mediator e Conciliador de Deus com o homem! A salvação é divina e não humana! Minha justificação é por fé e não é mérito meu ou de alguma instituição! Sou salvo para a Glória de Deus e minha vida pertence a Ele!

É preciso voltar os olhos ao passado para não repetirmos os mesmos erros! É necessário ter intimidade com Deus e com Sua Palavra para evitar novos erros ou antigos enganos com roupagem de novos. Redescobrir o valor das disciplinas cristãs: oração,jejum e estudo da Palavra. Não espero grandes mudanças nem grandes avivamentos. Pelo menos não nos moldes em que estão aparecendo: shows de "cai-cai" e muito barulho para pouco conteúdo ou transformação genuína. Aliás, desconfio de qualquer movimento que apareça com muita popularidade no meio do povo de Deus. A maioria não passa no principal teste: o de ser bíblico. O Espírito Santo NUNCA vai revelar ou ordenar algo que não esteja em conformidade e harmonia com as Escrituras. Não sustento falsas esperanças de "conversões" em massa, ou multiplicação numérica da igreja. Estamos no tempo do fim e a previsão bíblica segue na contramão do que muitos pastores pregam por ai: fala de muita apostasia e engano. É preciso abrir os olhos. Precisamos voltar a protestar contra o que estiver errado e assim, quem sabe, consigamos ser realmente evangélicos...

4 comentários:

Unknown disse...

certissimo o q vc disse, ta a Gretchen ai pra comprovar todsa sua teoria rss
bjoks xuxu saudades de vc

Unknown disse...

Poxaaaaaaa... que Blog legal Lú!!! Vai demorar um tempo para conseguir ler tudo... mas você tá de parabéns!! Adorei os marcadores... super original.. o título então!!!! Vou mostrar para o Sérgio... ele vai amar a parte de enologia... bjinhos...

O alvo disse...

Bravo!! Bravo!!
Coragem parta dizer o que pensa, gosto disso.

Abraços.

Matheus Hofstätter dos Santos disse...

mato a pau!!